Alexandre Pereira, pesquisador do Instituto Butantan, fala sobre o curso e a carreira de Biomedicina
Os biomédicos são responsáveis por dar
contribuições valiosas para o avanço das pesquisas científicas. Heróis de
jaleco branco, como são chamados por muitos, esses profissionais estudam
doenças e buscam curas para ajudar pessoas. Como é o caso de Alexandre Pereira,
doutor em Biotecnologia pela Universidade de São Paulo. Pereira lidera um time
de especialistas que desenvolve tratamentos para o câncer usando toxinas de
serpentes, no Instituto Butantan. Ele contou para o GUIA DO ESTUDANTE como é
seu dia a dia e as oportunidades que existem no mercado de trabalho para quem
faz Biomedicina.
Opção certeira
Alexandre
Pereira escolheu a Biomedicina ainda na adolescência e nunca se arrependeu da
decisão: “me sinto realizado com o meu trabalho”. Sua paixão pela profissão
começou já na faculdade, quando se envolveu com o Projeto Rondon, que faz até
hoje atendimentos na área de saúde a populações carentes das periferias do
Brasil.
Quando
se formou, em 1979, Pereira se voltou para a área de pesquisa. Participou da
primeira turma de estagiários do Instituto Butantan, referência mundial em
pesquisa biomédica no mundo. Depois de alguns anos, prestou concurso público
para trabalhar no local e está lá até hoje.
A rotina de um biomédico
O
dia a dia de um biomédico é voltado à pesquisa. O profissional é responsável
por identificar, classificar e estudar os microrganismos causadores de
enfermidades e por procurar medicamentos e vacinas para combatê-las. Pode fazer
também exames e interpretar os resultados de análises para diagnosticar doenças
e análises para verificar contaminações em alimentos.
No
caso de Alexandre Pereira, além da dedicação à pesquisa, ele também coordena os
alunos que fazem iniciação científica no Instituto Butantan, com linhas de
pesquisa voltadas à genética. Sua principal linha de pesquisa atualmente é o
desenvolvimento de tratamento para o câncer através de toxinas de serpentes.
“Os alunos acabam se interessando e damos oportunidade de eles desenvolverem
esses trabalhos com a gente”, conta Pereira.
Essa
pesquisa é feita em duas frentes, in vitro e in vivo, como explica o
pesquisador. A primeira, in vitro, é realizada com o cultivo de células, com
testes de toxinas em células com tumor e sem tumor. Ao mesmo tempo, a ação das
toxinas é analisada nas células de camundongos, a chamada técnica “in vivo”.
“Essa rotina envolve vários testes e reagentes biológicos que desenvolvemos de
acordo com protocolos que pesquisamos e que já existem na literatura”, diz
Pereira. A partir desses experimentos, são feitas as análises dos resultados.
“Ensinamos o cultivo de células, o manuseio de animais de laboratório e as
normas de biossegurança. É uma rotina bastante complexa, que tentamos passar
sempre da maneira mais íntegra”, comenta o biomédico.
Mercado de trabalho
O
biomédico pode trabalhar em hospitais, laboratórios e órgãos públicos de saúde,
fazendo pesquisas e testes. Também pode atuar em parceria com bioquímicos,
biólogos, médicos e farmacêuticos.
Segundo
Pereira, existe um campo de atuação bem promissor para o formado em Biomedicina
nas áreas de conservação do meio ambiente, envolvendo o saneamento ambiental e
o tratamento de águas e solo poluídos. “Muitas indústrias estão investindo
nessas áreas para se adequar às novas legislações de proteção à natureza”,
lembra o especialista.
Além
da área de sustentabilidade, outro campo promissor é o de pesquisas que
envolvem as células tronco. “É um campo novo, no qual muitos estudos são
necessários, já que o leque de possibilidades que essas células oferecem em
benefício da saúde é muito extenso”, justifica o biomédico. O setor envolve
alta tecnologia e o estudante pode se destacar no mercado de trabalho ao se
dedicar a pesquisas envolvendo esse tipo de célula e o DNA.
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